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Você é mera obra do acaso?

“Sincronicidade é a união de eventos internos e externos de uma maneira que não pode ser explicada por causa e efeito e que seja significativa para o observador.” – Carl Jung

Você já passou por aqueles dias que toda hora que bate o olho no relógio está lá: 10:10; 11:11; 12:12… Ué, o que será que está acontecendo? Puro acaso? Esse exemplo bem simples da sincronicidade é o mais citado por aí entre blogs de autoajuda a sites esotéricos. Contudo, se desvendarmos esse assunto um pouco além, indo fundo no seu significado, podemos começar a notar que as sincronicidades são como avisos de que estamos no caminho certo.

Mas será que essa definição para por aí? Vamos mergulhar.

O que é sincronicidade?

A definição moderna de sincronicidade foi desenvolvida em 1920 pelo psicólogo Carl Gustav Jung, um dos mais importantes da história. Para ele, a palavra serve para descrever o que ele chamou de “ocorrências temporalmente coincidentes de eventos a-causal”. Isto é, quando identificamos um padrão de conexão que a nossa vã consciência material não conseguiria explicar. Será que é normal toda vez que eu penso em determinada pessoa ela me ligar? Será que foi coincidência eu acabar errando um caminho e encontrando com certas pessoas?

Contudo, um ponto importante que Jung salientava era: caso você não esteja conectado com o que acontece no seu interior, como você poderá entender o seu exterior, o que acontece com você? Afinal, uma sincronicidade é uma “coincidência” exterior que encontra um ponto de contato na nossa psique. A questão é saber como interpretamos esses sinais. Quanto mais usarmos a intuição e a emoção para entender o que se passa em nossa volta, mais perto estaremos do que Carlos Castaneda chama de “o caminho com o coração”.

Não, esse não é um texto de auto-ajuda, mas sim um convite a fazermos a ponte entre mente e matéria.

Jung e os tipos de sincronicidades

O psicólogo Carl Jung baseou seu modelo da sincronicidade em três tipos:

  1.     Coincidência significativa: quando eventos aleatórios acontecem de vez em quando com um significado pessoal específico. Por exemplo: vermos as horas repetidas o dia todo.
  2.     Conexão causal: apesar de não haver causa ou efeito aparente, há um significado pessoal profundo. Ou seja: uma conexão aparentemente intencional em jogo com o que foi vivido. Por exemplo: pensarmos em alguém e essa pessoa nos ligar.
  3.     Iluminação: quando há uma indicação de que tudo aconteceu como aconteceu dentro de um campo de divindade, em comunhão com o todo. Por exemplo: quando as coisas acabam

Maior parte das nossas experiências de vida pode ser encaixada em um desses três aspectos. Não que eles sejam uma resposta, mas podem servir como um guia para sabermos onde ir. Os maias foram os primeiros a nos oferecer esse caminho de interpretação da realidade.

Os maias e o tempo

O antropólogo Michael Harner, em seu livro O Caminho do Xamã, reitera que as sincronicidades são consideradas “um tipo de sinalizador análogo a um sinal direcional de rádio, indicando que os procedimentos e métodos corretos estão sendo empregados”. É uma mensagem de: pode seguir! Parabéns, você está seguindo sua intuição!

E isso tudo vai além de uma merca forma cartesiana de imaginar a realidade. A civilização Maia já trazia consigo essa sabedoria sobre porque certas coisas acontecem como acontecem. Os antigos maias acreditavam nos ciclos naturais da vida. Por essa razão, o tempo para eles era um sistema que matemática, numerologia, astrologia, psicologia e poesia. Era por meio do conhecimento sobre o mecanismo desses pilares e pela sintonia com eles que, para os maias, uma pessoa poderia criar a sua realidade como bem quisesse.

Ao se conhecer todo esse sistema e seus pilares, a cultura maia considerava que o indivíduo tinha, então, a sabedoria sobre a Lei do Tempo. Isso significa que a partir de então a vida seria pautada tanto pelo intuitivo, quanto pelo lógico. Tal relação seria resultado da premissa de que o todo está na parte e que a parte está no todo. Por isso, encontramos significado no momento vivenciado ao estarmos conectados com a Lei do Tempo.

Esse é o caminho para entendermos a sincronicidade: afinal, quando compreendemos que o que acontece conosco tem um significado interno, estamos em sincronia conosco, com as nossas relações, com os nossos desejos, com a sociedade, com a natureza e com o universo.

Viver em harmonia é estar em sincronia

Se temos a premissa de que o universo é perfeitamente harmônico, sabemos que tudo tem seu espaço e tempo para acontecer. Não podemos acelerar os processos, mas sim estarmos atentos aos sinais que mostram que estamos no caminho certo. Por vezes, nem precisamos de alguém dizendo: isso, boa ideia! O que precisamos é estarmos atentos aos sinais do aqui e agora.

Imagine que você está em uma floresta e não sabe para qual caminho seguir. O medo te assola e você não consegue se mexer – tudo é tão estranho, amedrontador, estrangeiro. Até que se passam alguns dias e você começa a perceber um pé de manga delicioso aqui, outro rio de água potável acolá… O canto dos pássaros te tranquiliza toda noite. Você começa a viver em harmonia com a floresta e tudo o que nela existe. Você é a floresta e está aberto(a) aos seus processos. Até que um belo dia você começa a notar pequenas sementes no chão. Pega uma aqui, outra ali… Elas parecem fazer um caminho, o caminho que no primeiro dia você tanto procurou. Mas só agora você consegue notá-las, pois as conhece, pois elas fazem sentido para você.

Por isso, faço-lhe o convite: Quais são as sementes que você está deixando passar, despercebidas? Que tal prestar mais atenção ao aqui, ao agora? À sua intuição? Seriam as sementes meras obras do acaso? Seria mero acaso você ter lido esse texto?

 

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