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O final do arco-íris não existe

 

Frequentemente ouvimos falar de perfeição – aquela criatura mítica e até mesmo mística – que parece um animal raro que um amigo de um amigo afirma ter visto na selva uma vez.

Ouvimos sobre um casal perfeito, aquele que viveu junto até ficarem velhinhos, que morreram de morte natural, ainda desesperadamente apaixonados.

Ouvimos sobre o homem ou mulher perfeito, aquele de quem ninguém poderia odiar, aquele que foi consistentemente paciente, aquele que nunca fez mal a ninguém, aquele que foi tão fácil de adotar como uma figura materna / paterna porque tudo o que eles fizeram foi tão inspirador. Sem contar no sucesso profissional.

Ouvimos sobre a vida perfeita, o corpo perfeito, o cabelo perfeito, o amante perfeito, a habilidade perfeita.

E apesar de tanto ouvirmos sobre tudo isso, só existe um lugar onde podemos realmente encontrar essas pessoas: nas páginas dos livros ou nos filmes. Onde tudo é roteirizado e horas foram dedicadas à maquiagem, ao cabelo e à coreografia da vida. Ou na capa de uma revista, onde a modelo em questão passou fome o dia todo para evitar que sua barriga inchasse, e foi photoshopada por especialistas até que ela não se parecesse mais com ela mesma.

Sim, meu amigo e amiga, a perfeição não existe.

Então vou fazer tudo de qualquer jeito?

A perfeição pode não existir, mas o que estou querendo dizer com isso, que você provavelmente já sabia? É que devemos nos permitir escorregar. Nos permitir estar errados. Podemos gritar e urrar e ser egoístas, estúpidos e imperfeitos. Acontece. A diferença é, no final do dia, enquanto ainda estivermos dispostos a trabalhar em nós mesmos, podemos revisitar esses comportamentos que nos fazem mal e trabalhar sobre eles.

Ainda podemos estar lá para alguém e significar o mundo para eles, mesmo que tenhamos feito bagunça e machucado outra pessoa. Já pensou em pedir desculpas?

Ainda podemos ter um relacionamento feliz e significativo, mesmo se brigarmos com nosso parceiro de vez em quando. Ainda podemos ser bonitos, mesmo se não correspondermos à definição exata da sociedade sobre o que é beleza.

Podemos ser ótimos profissionais, mesmo tendo cometido um erro no semestre anterior.

Sinta-se confortável

Na verdade, de certa forma, pode até ser mais saudável escapar da definição de perfeição da sociedade, porque forçar-se constantemente a viver de acordo com um padrão irreal ignora partes importantes de si mesmo. Isso faz com que, verdadeiramente, descubramos o que somos capazes.

Perseguir uma definição de profissional que não se encaixa com você, por exemplo, irá te colocar em posições muito desconfortáveis, e às vezes dolorosas. Tudo pela recompensa de silenciar suas marcas únicas.

Agora eis a questão: por que, quando sabemos que perfeição não existe, a maioria de nós gasta uma quantidade incrível de tempo e energia tentando ser tudo para todos? Será que realmente admiramos a perfeição? Não – a verdade é que realmente somos atraídos por pessoas que são reais e realistas. No fundo, amamos a autenticidade e sabemos que a vida é confusa e imperfeita.

Brene Brown escreveu que “somos sugados para a perfeição por uma razão muito simples: acreditamos que a perfeição nos protegerá. Perfeccionismo é a crença de que, se vivemos perfeitos, parecemos perfeitos e agimos com perfeição, podemos minimizar ou evitar a dor da culpa, do julgamento e da vergonha.”

Pois é, viver nesse tipo de sociedade como a nossa nos inunda com expectativas inatingíveis em torno de todos os tópicos dos mais variados. Isso vai desde quanto devemos pesar até quantas vezes por semana devemos fazer sexo. Mas, quando vamos notar, as pessoas que admiramos normalmente chegaram a um patamar em que elas fazem o que as nutre. E não aquilo que é considerado perfeito. Entretanto, o ponto-chave é entender que, para chegar nessa posição, ela assumiu certos riscos, que inclusive já falamos sobre ele aqui no blog.

E qual é o maior risco? Deixar de lado o que as pessoas pensam e encarar quem você é, realmente. Bancar as suas escolhas. É um risco bom, confia.

A vida é um processo …

Muitas vezes ouvimos as crianças planejarem o que serão quando crescer. Eu penso ao contrário: “ainda estou crescendo!” Que alívio! Esta é a resposta: você não precisa chegar ao resultado final porque não há resultado final. A vida é um processo, você apenas deve fazer o melhor que puder.

Não busque a perfeição, busque a verdade. A perfeição não existe. Isso apenas alimenta seu neuroticismo e sua ansiedade. Alimenta seu medo da decepção e seu medo de não ser o suficiente. A perfeição é como o final do arco-íris. Parece incrível, mas não existe.

Não gaste sua vida perseguindo algo que não existe.

Concentre-se nas ferramentas que você possui.

 

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