Há algum tempo, li uma série de artigos que abordavam a incrível quantidade de dados e informações que o ser humano vem produzindo nessa última década.
Sabemos, por exemplo, que o montante de informação que um único ser humano pode adquirir em uma semana nos dias de hoje é equivalente a toda informação adquirida durante a vida de uma pessoa que vivia no século XVII. Como já tratei em meus artigos anteriores, o motivo desse excesso está na evolução tecnológica, cada vez mais constante, obtida por nós no decorrer dos séculos.
Se por um lado o acesso “ilimitado” à informação favorece o conhecimento, por outro o excesso tende à confusão. Não é incomum, ao pesquisar determinado tema, por interesse ou necessidade, ficarmos perdidos e ansiosos, sem saber por onde começar, face à quantidade de dados disponíveis. Que informação realmente é relevante? Filtros “internos” se fazem necessários, pois as chances de nos depararmos com assuntos tratados de forma excessivamente superficial é grande.
Porém, nesse texto, quero levar a conversa para a área corporativa, pois, além do campo do conhecimento, o excesso de informação acaba por influenciar também nossos hábitos de consumo.
Já notou como uma simples experiência de ir ao mercado pode ser inacreditavelmente complexa? São tantas marcas, submarcas, opções de produtos de um mesmo fabricante que eu, constantemente, fico perdido. A situação se mostra quase tão complicada quanto decidir em que papéis devemos investir nosso dinheiro. Logo, teremos de apelar a um consultor para nos ajudar na “difícil” escolha da pasta de dente ideal.
Será que tantas variações de um mesmo produto, basicamente com as mesmas finalidades, são realmente necessárias? De maneira óbvia, eu e você sabemos a resposta para essa pergunta. Como de costume, a virada de um novo ano trouxe-me, no entanto, a ânsia da reflexão. Assim, um tanto incomodado com essa realidade de excessos, coloquei-me a pensar e a pesquisar sobre.
Na filosofia Zen, encontrei algo direto, até óbvio, mas que se aplica perfeitamente a essa problemática, portando-se como uma possível solução. De forma geral, esses filósofos dizem que “a simplicidade transmite a ideia de liberdade e nos traz de volta para a essência de vida”, ou seja, àquilo que realmente é importante.
Em outras palavras, trata-se de descartar o exagero e focar no essencial. Voltando ao tema, acredito que uma boa ideia para as empresas seria mudarem o destino de seus recursos financeiros no desenvolvimento de novos produtos. Em vez de aumentarem as opções, investindo um pouco em cada exemplar, por que não reduzir a grade comercializada e concentrar o dinheiro em poucos, mas ótimos produtos? Por que não privilegiar a qualidade frente à quantidade?
O intuito, seguindo uma linha mais sustentável, é gastar menos e produzir mais. Podemos encontrar um bom exemplo desse conceito em um dos mais influentes movimentos artísticos chamado minimalismo. Seus artistas representantes seguiam o preceito de que o “maior efeito” somente seria alcançado mediante a simplicidade e a redução de elementos.
Podemos dizer que no mundo corporativo a Apple exerce a arte do minimalismo, ou, caso prefira, da expressão “menos é mais”. Os produtos da empresa do saudoso Steve Jobs são tão maravilhosamente simples e intuitivos que até uma criança consegue usar. As lojas próprias da marca são “limpas” (visualmente falando), amplas, sem aquele amontoado de opções, fazendo com que a atenção do consumidor seja dirigida exatamente para um determinado produto.
Particularmente sou um defensor dessa filosofia. Seja para o trabalho ou para a vida. Sigo convicto de que uma vida de menos, na verdade, é uma vida de mais: mais tempo, mais satisfação, mais equilíbrio e mais alegria.