LADING

Acha que estagnou? Aproveite!

 

Queremos sempre ir até o cume da montanha de uma vez. Chegar no topo em um fôlego só. Não sei se já escalaram grandes montes, mas já lhe adianto: você não chegará lá em cima em um fôlego. Numa escalada é importante respirar, observar, caminhar… Parar, respirar, observar, se adaptar e… caminhar. Aquele que muito se afoita para chegar mais rápido, não sobreviverá muito tempo. Desculpe a dramaticidade, talvez, contudo por vezes precisamos de algumas figuras fortes para virar alguma chave dentro de nós.

Na nossa vida – profissional, espiritual e íntima – o mesmo acontece. Você começa a estudar budismo, a meditar e quer virar um monge amanhã? Você quer fazer um mergulho profundo (no sentido literal e metafórico) sem nunca antes ter nem molhado a cabeça? A vida é feita de crescimento, erros, acertos e, principalmente, flats.

Desfrute do período de adaptação

Esses momentos em que nos encontramos nem postos à prova e nem enfrentando dificuldades nos parece um pouco monótono. Não nos culpo individualmente. A sociedade contemporânea – onde parece que estamos sempre em uma corrida – nos pede emoções à flor da pele. Guiada, principalmente, pela sensação de recompensa (likes no Instagram) e de utilitarismo (ao fazer sempre as coisas ao ela ser útil para mim, levando isso até mesmo nas nossas relações.

Contudo, isso nos faz doentes. Psicologicamente e fisiologicamente falando.

Precisamos aprender a respirar e a nos adaptar às mudanças. Só assim iremos, realmente, ver a importância desses períodos “flats”. São eles que nos dão a segurança necessária para crescermos.

“A vida é uma série de mudanças naturais e espontâneas. Não resista a elas; isso só cria tristeza. Deixe a realidade ser realidade. Deixe as coisas fluírem naturalmente da maneira que quiserem. ” —Lao Tzu

Não podemos evitar os eventos inesperados (crises) em nossas vidas, pois são esses eventos que nos desafiam e nos obrigam a sair da nossa zona de conforto. Se ignorarmos ou nos escondermos do desafio da mudança ou da adaptação, negamos a nós mesmos a oportunidade de aprender e crescer.

Isso não quer dizer que não iremos mudar

Sentir-nos confortáveis na posição em que estamos é ter a serenidade de saber quando mudar. É saber mergulhar onde sabemos que é fundo.

O psicólogo, autor e palestrante Henry Cloud acreditava que, “Mudamos nosso comportamento quando a dor de permanecer o mesmo se torna maior do que a dor de mudar”. Mas por que esperar que a dor de permanecer o mesmo se torne insuportável quando é tão simples quanto aprender a se adaptar? Quando você abre sua mente para o desenvolvimento e a mudança contínuos, sabendo que eles também acontecem quando aparentemente estamos “estagnados”, trabalhamos a nossa resiliência. Ao invés de se apegar à maneira como as coisas estão agora, por que não evitar a dor e a, aí sim, estagnação que podem vir dessa postura ao não abraçar o presente?

Nossa resiliência na vida só pode ficar mais forte quando abraçamos a mudança e gerenciamos esses desafios de maneira positiva, em vez de nos escondermos e ignorarmos as oportunidades que a mudança pode trazer para nossas vidas. Ou até mesmo de procurar desenfreadamente pelas oportunidades.

Não há como escapar do impacto que a mudança pode causar em sua vida. Gerenciar mudanças na vida é a chave para viver uma vida na qual você não apenas está sobrevivendo, mas também prosperando.

Uma sabedoria milenar

Isso não é um bate-papo muito século XXI. No Bhagavad-Gita, clássico indiano, Krishna diz para Ajurna que a pessoa “iluminada” seria aquela que entende que todo excesso esconde uma falta. Que a busca desenfreada nos faz cair em precipícios. Que, muitas vezes, esse anseio perpétuo pela mudança – visão do futuro sempre – não nos faz enxergar o presente. Em última instância, não nos faz enxergar a nós mesmos.

Como é difícil ficar em silêncio quando não estamos acostumados. Isso acontece também com a nossa vida em geral. Veja onde você está agora. Essa é a sua realidade. É o campo que o universo disponibilizou nesse momento para você fazer o seu melhor. O que adianta ser um excelente CEO se não sabemos o básico das relações? O que adianta ser um milionário se não sabemos quem nós somos e pensamos apenas em coisas que não existem – dinheiro, por exemplo?

A mudança está aí a todo momento. Contudo, ela só é potencial quando você sabe da onde você veio. Entende sua jornada. Sabe aproveitar o máximo do agora, do que você pode entregar no momento.

Por vezes queremos erradicar a fome na África, sendo que no bairro do lado tem muita gente passando fome também.

Imagens fortes, para viradas importantes.

Você sabe onde você está?

 

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